A indústria naval brasileira começa a se mover em direção a um novo ciclo de desenvolvimento. A Lei nº 15.075/2024 e o Decreto nº 12.362/2025 estabelecem incentivos ao conteúdo local, estimulam a modernização dos estaleiros e favorecem a geração de empregos qualificados. É um passo decisivo para fortalecer a produção nacional de bens e serviços voltados à cadeia de óleo e gás — uma área na qual a engenharia industrial brasileira tem sido protagonista ao longo das últimas décadas.
O grande diferencial dessas medidas está na criação de um ambiente regulatório mais claro e previsível, um requisito essencial para atrair investimentos e destravar projetos. Quando o setor sabe quais são as regras do jogo, a capacidade de planejamento aumenta, e novos negócios se tornam viáveis. Isso abre espaço para a ampliação de contratos de engenharia, construção, montagem e integração de sistemas, ao mesmo tempo em que impulsiona o avanço da engenharia digital e de tecnologias cada vez mais sofisticadas.
Papel estratégico
Nesse contexto, o compliance assume papel estratégico. Não se trata apenas de cumprir obrigações legais, mas de construir relações baseadas em confiança, governança e transparência — especialmente quando se fala de investimentos de grande porte e impacto nacional. As empresas que incorporam boas práticas de integridade em seus processos estarão naturalmente mais preparadas para competir e liderar essa nova fase do setor naval.
Além disso, a evolução regulatória acompanha um movimento global que combina inovação, sustentabilidade e competitividade. A transição energética, os compromissos ESG e a digitalização da engenharia trazem desafios, mas também enormes oportunidades para quem está pronto para inovar e entregar resultados com eficiência e responsabilidade.

Para as associadas da ABEMI, essas mudanças representam um horizonte promissor. Temos competências consolidadas, equipes qualificadas e um histórico robusto de participação em grandes projetos offshore e industriais no Brasil. Agora, é o momento de ampliar essa contribuição para uma agenda nacional que valoriza a indústria e projeta o país para novas fronteiras tecnológicas.
A retomada da construção naval já está em curso. Cabe a nós — empresas, profissionais e instituições do setor — garantir que esse desenvolvimento aconteça de forma sólida, ética e sustentável. A ABEMI continuará atuando para fortalecer essa ponte entre governo e indústria, defendendo um ambiente competitivo, inovador e alinhado às melhores práticas de governança.
O Brasil tem potencial para ser referência global em engenharia industrial e construção naval. E estamos preparados para fazer essa história avançar.
Maria Michielin, Diretora Jurídica na ABEMI
Marcelo Marchetti, Compliance Officer na ABEMI