A tecnologia de impressão 3D já tem mais de 30 anos, mas está se popularizando só agora e está revolucionando várias cadeias produtivas. Foi o que mostrou a quinta edição do evento Inside 3D Printing Conference & Expo, realizado em São Paulo, nos dias 11 e 12 junho, que teve como tema “Do projeto à manufatura”. Com área de exposição e congresso, o evento é realizado nas principais cidades industriais do mundo.
Com aplicações sem limites, a impressão 3D e a chamada manufatura aditiva vêm promovendo disrupções na educação, moda, medicina, odontologia e em diversos segmentos industriais, além de abrir oportunidades para empreendedores. Segundo o consultor do evento, Bene Padovani, estima-se que, em 2027, 10% de tudo o que for produzido no mundo será feito em impressora 3D. No mundo, esse mercado cresceu 17,4% em 2016, movimentando US$ 5,1 bilhões.
Esse crescimento é fruto de alguns fatores. Primeiro, a maior oferta de máquinas de impressão 3D, já que o término de algumas patentes atraiu mais produtores e baixou o preço desses equipamentos, especialmente os que usam plásticos. Segundo Padovani, vem aumentando o número de produtores dessas máquinas no Brasil. Este ano, dos 28 expositores do Inside 3D Printing, 25 eram empresas nacionais. Na primeira edição do evento, 60% dos fornecedores eram estrangeiros.
Vantagens aos métodos tradicionais
O desenvolvimento de novos materiais, além dos plásticos, é outro fator importante. “A manufatura aditiva com metais é relativamente mais recente e está abrindo novas possibilidades para a construção de peças de alta complexidade. Esse segmento, que inclui máquinas da ordem de 1 milhão de euros, vem crescendo mais de 25% ao ano”, destaca o consultor.
Por ser biocompatível, leve e resistente à corrosão, o titânio, por exemplo, é utilizado para imprimir próteses para a área médica e peças nas indústrias aeroespacial, automobilística e química. Também já é possível imprimir com alumínio, aço inox e cobalto por uma tecnologia chamada sinterização a laser. Há estudos para usar outros pós metálicos e para desenvolvimento de outras tecnologias.
Na arquitetura e construção, já existem impressoras capazes de produzir casas em tamanho natural com vantagens em relação aos métodos convencionais. “Existem projetos, inclusive no Brasil, de fazer casas para baixa renda. Elas são mais duráveis, é mais rápido para construir, são mais higiênicas e baratas. A tecnologia contour filling pode ser usada em urbanização de favelas. A África do Sul é pioneira nesse sentido. Substituíram boa parte das casas de alvenaria por casas feitas de impressão 3D”, diz Padovani.
Ele explica que uma das grandes vantagens da impressão 3D e manufatura aditiva é que aceleram o desenvolvimento de produtos e permitem a prototipagem mais rápida e ainda reduzem custos de produção quando se trata de poucas peças ou pequenos lotes. Indústrias podem, por exemplo, imprimir peças para manutenção de máquinas, que não estão mais disponíveis no mercado para reposição.
Formação em evolução
As tecnologias evoluem constantemente, mas o mercado forma profissionais do modo tradicional. O Insper vai formar, em 2019, a primeira turma de engenheiros com um currículo inovador, que tem foco nas novas tecnologias e um novo mindset voltado para demandas de ciclos de desenvolvimento de produtos menores com o envolvimento do consumidor nesse processo.
“No passado, o lançamento de produtos levava mais de ano. O engenheiro detalhava o produto, prototipava e produzia sem ouvir o mercado. Era de dentro para fora. Hoje esse ciclo foi invertido. Por isso, nossos alunos são provocados a prototipar o mais cedo possível e interagir com o cliente para fazer ajustes e agregar valor ao futuro produto”, explica o professor de engenharia Rodrigo Patrício de Arruda, do Insper.
Em sua opinião, o uso da tecnologia de impressão 3D pode ajudar a encurtar ainda mais o tempo do projeto e poderá provocar mudanças nos modelos de negócios. “As fábricas do futuro vão precisar ser projetadas de forma diferente. Tendem a ser menores e apoiadas por uma rede de parceiros, atuando de maneira colaborativa na região”, afirma Rodrigo.
Editora Conteúdo/Abgail Cardoso