Em palestra realizada no auditório da ABEMI, no dia 11 de dezembro, a promotora Luciana Asper y Valdés apontou a corrupção como o maior inimigo do crescimento econômico do Brasil. Diante de uma plateia formada por empresários e altos executivos do setor de engenharia industrial, ela destacou que o setor produtivo e o Estado têm de buscar, juntos, caminhos para construir um novo Brasil.
Segundo Luciana – que é promotora de justiça do Distrito Federal e membro da Comissão de Enfrentamento à Corrupção do Conselho Nacional do Ministério Público –, os programas de compliance precisam promover uma cultura de tolerância zero à propina, tanto nas relações privadas como nas público-privadas. Ressaltou que é preciso enfrentar tudo o que fragiliza a liberdade de decisão do empresário, minimizando o poder de possíveis represálias, de atos de perseguição por quem foi contrariado com um não.
A promotora lembrou que a corrupção é uma doença incubada há 500 anos. “É um problema de todos, com um enfrentamento que precisa vir de todos”, resumiu, observando que, se não tratada, a doença vai continuar matando o empreendedorismo e o desenvolvimento econômico do Brasil. “É impossível crescer no terreno da corrupção sistêmica e endêmica”, reforçou.
Apoio dos empresários
A reação plateia foi positiva. Para o presidente da ABEMI, Nelson Romano, a palestra “Por um Brasil fundado na integridade e proatividade” foi um dos melhores eventos de sua gestão frente à associação. “O assunto é tão relevante que foi o que atraiu maior público e despertou boas discussões”, afirmou Romano.
Para Rodrigo Silveira, B. Verdelle, advogado de Compliance and Legal Counsel, da Montcalm, a palestra foi brilhante, com um conteúdo atual e muito informativo. “Trouxe muitos exemplos de como a sociedade pode atuar junto com as empresas em busca de um país mais ético”, afirmou.
Concordou que cumprir as leis e questionar o que está errado é dever de todos, considerando que a iniciativa da ABEMI demonstra que a associação está em sintonia com o atual momento do país e das empresas associadas. “Este é o momento de reagir e implantar novas posturas nas empresas de engenharia, adotando amplamente os conceitos de compliance, para que haja a retomada na construção de um novo Brasil”, reforçou.
Ética e transparência
A palestra foi elogiada, também, por Marcia Resende, assistente de compliance da Doris Engenharia. “O tema da luta contra a corrupção é um dos mais críticos e importantes a serem discutidos atualmente, principalmente pelas autoridades governamentais e empresários, pelos setores público e privado”, afirmou.
Segundo ela, a promotora mostrou que um programa robusto de governança e compliance é um dos principais caminhos para a libertação do ecossistema da propina e da corrupção. “Mas, antes de tudo, é preciso acreditar que é possível conquistar essa liberdade”, lembrou.
Na avaliação de Marcia Resende, Luciana atingiu seu objetivo maior, de renovar as esperanças em um Brasil livre de corrupção a partir da participação ativa de cada um. “Mais do que o aprendizado e a experiência, levamos da palestra a renovação da crença em um país melhor no futuro”, concluiu.
Com ela concorda Rafael Lima, da Toyo Setal. Segundo ele, a promotora “trouxe um panorama que nos dá ânimo, pois podemos vislumbrar um Brasil pautado na ética e transparência nos negócios”. Ele classificou a iniciativa da ABEMI, ao promover a palestra, como um trabalho essencial. “Nos permitiu estar perto do Ministério Público para debater um assunto tão sensível e importante para o futuro dos negócios no nosso setor e da sociedade como um todo”, destacou.
Para a chief compliance officer da Niplan, Noemia Albiero, a ABEMI está de parabéns por promover encontros relativos ao tema compliance. “É um assunto de suma importância para todos, sobretudo para o nosso setor, que foi tão prejudicado pelas práticas de corrupção. Tenho certeza de que com essas orientações estamos trilhando no caminho certo para termos um Brasil melhor, um mundo melhor.”
Sobre a palestra, Noemia destaca “a riqueza de informações sobre o país e as ideias de projetos e ações simples que podemos fazer visando à conscientização não só desse público atual, mas também daquele que nos sucederá, de modo a combater esse mal terrível, que é a corrupção”.
Editora Conteúdo/Abgail Cardoso