O setor de papel e celulose continua produzindo bons resultados, segundo a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), a produção de celulose no Brasil cresceu 7,8% no primeiro semestre de 2018 em relação ao mesmo período do ano passado, somando 10,4 milhões de toneladas. No segmento de papel, a produção foi de 5,1 milhões de toneladas no mesmo período, o que representa incremento de 0,6% sobre os primeiros seis meses de 2017.
No ano passado, de acordo com o Sumário Executivo 2018 da Ibá, com dados de 2017, o Produto Interno Bruto (PIB) do setor somou R$ 73,8 bilhões, equivalente a 1,1% do PIB Nacional e 6,1% do Industrial. Com produção recorde de 19,5 milhões de toneladas de celulose em 2017, sendo 67% destinado à exportação, o setor registrou superávit de US$ 9 bilhões (crescimento de 14,6% da balança comercial) e garantiu a segunda posição ao Brasil no ranking dos maiores produtores mundiais de celulose, à frente de Canadá e China.
Expansão da capacidade
Entre outros fatores, o acréscimo na produção é fruto de investimentos na expansão da capacidade produtiva dessa indústria, que é considerada uma das grandes forças da economia brasileira. Segundo o Sumário Executivo do Ibá, em 2017 os investimentos no setor somaram R$ 6,7 bilhões, sendo R$ 3,2 bilhões em florestas e R$ 3,5 bilhões na indústria.
Esses números se refletem positivamente no setor de engenharia industrial. Duas das maiores empresas do setor de montagem industrial, a Montcalm e a Niplan participaram de projetos expressivos nos últimos anos. “Sem dúvida, papel e celulose é um dos setores mais importantes para a construção industrial, especialmente nos últimos quatro anos. Para a Niplan, representou de 15% a 20%, em média, do nosso faturamento”, destaca Paulo Nishimura, presidente do conselho de administração da Niplan.
O segmento de papel e celulose também é representativo para a Montcalm, com cerca de 20% a 25% da carteira de projetos nos últimos 5 anos. A empresa participou de praticamente todos os últimos grandes projetos, entre eles as novas fábricas da Fibria e da Eldorado, em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul; da Klabin Puma, em Ortigueira, no Paraná; da expansão da CMPC, em Guaíba, no Rio Grande do Sul. “A Montcalm está habituada a projetos de grande complexidade técnica e tem absorvido, dessa forma, um escopo relevante dos projetos, como a montagem eletromecânica completa de unidades como linha de fibras e cozimento; máquinas de papel; máquinas de celulose, entre outras”, informa Daniel Simonsen, da Gerência de Desenvolvimento de Negócios da Montcalm.
Já a Niplan foi responsável pela caldeira para recuperação química e dois pacotes de BOP (balance of plant), que incluem utilidades, turbogerador e torre de resfriamento na Klabin Puma. Na nova unidade da Fibria, a Niplan fez a montagem da estação de tratamento de água e efluentes e BOP. “São pacotes de alta complexidade – a caldeira, por exemplo, pode ser comparada ao coração da planta – que foram executados rigorosamente dentro do prazo e com ótimo desempenho de segurança”, destaca Nishimura.
Novo ciclo de investimentos
Segundo os executivos da Niplan e Montcalm, em 2018 não há projetos de expansão ou de novas fábricas em andamento, mas a expectativa é de retomada nos próximos anos, em razão da competitividade do Brasil nesse setor, que, neste momento, está especialmente interessante em razão da alta do dólar. “Em 2018, o investimento CAPEX foi nulo. Mas existem projetos em desenvolvimento, ainda na fase conceitual e de engenharia básica”, informa o CEO da Niplan, Nelson Branco.
“A alta do dólar tem impulsionado muito o resultado dos grandes players neste mercado, que passam a olhar o Brasil com mais atenção para este movimento de investimentos em novos projetos”, afirma Daniel. Em sua opinião, a falta de segurança jurídica e política é o que tem segurado novos investimentos. “O novo governo deverá apresentar medidas coerentes com a promoção de novos investimentos no país. É preciso ter uma postura governamental mais alinhada com o mercado para deixar o investidor mais confortável para alocar seu capital em novos projetos industriais. Se o Brasil não transmitir a devida confiança aos investidores, este novo ciclo de investimento tem chances razoáveis de ocorrer em outros países e deixar o Brasil para trás na retomada dos investimentos nesse setor, ao menos para os próximos anos”, conclui Daniel.
Editora Conteúdo/Abgail Cardoso