Petrobras estuda possibilidade de transformar jaquetas de plataformas em corais artificiais

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O gerente de Descomissionamento da Petrobras, Eduardo Zacaron, fará, nesta terça-feira (19/2), em São Paulo, uma apresentação sobre os desafios técnicos e ambientais no segmento. Segundo a Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), que promove o evento, a estatal iniciará o descomissionamento de 28 plataformas fixas – 22 no Nordeste e seis na Bacia de Campos – até 2020.

Além dessas unidades, há três plataformas cujo descomissionamento já está em fase de execução:  PCA-1, PCA-2 e PCA-3, no campo de Cação. Os 13 poços secos do ativo, que está localizado a 7 km da costa, em lâmina d’água de 19 m, já foram tamponados e abandonados, e  os dutos rígidos, enterrados. O plano da Petrobras é concluir os trabalhos este ano.

Segundo uma fonte, a petroleira estaria analisando a possibilidade de instalar torres eólicas nas plataformas. A companhia informou à BE Petróleo, no entanto, que contratará uma empresa para realizar o serviço de remoção e destinação das estruturas dos conveses e jaquetas do ativo.

“Para as demandas futuras de descomissionamento, no caso de plataformas fixas, a Petrobras irá avaliar, a partir da análise de critérios técnicos, ambientais, de segurança, sociais e econômicos, alternativas para destinação final das plataformas”, declarou a estatal via assessoria de imprensa.

A estatal acrescentou que, no caso de plataformas flutuantes próprias, analisará sua reutilização em novos projetos de desenvolvimento ou alienação por leilão público.

Entre as unidades de produção que já tiveram processo de descomissionamento iniciado estão as plataformas P-07, P-12, P-15, P-33 e Piranema.

Novas regras em elaboração

Hoje, mais de 60 plataformas fixas no Brasil têm mais de 25 anos, o que implicará uma demanda crescente por serviços de descomissionamento.

O destravamento da atividade depende, porém, da publicação de uma nova regulamentação pelas autoridades brasileiras. A previsão é que a minuta da resolução – que, na prática, revisará as regras existentes – seja publicada neste trimestre.

Segundo a Petrobras, há lacunas na legislação atual em relação a alternativas à retirada de jaquetas, como o modelo “Rig-to-reef”, no qual as estruturas são deixadas no fundo do mar para servir como corais artificiais.

Outra questão que precisa ser definida são os critérios de monitoramento de linhas flexíveis e umbilicais eventualmente deixados nos campos. Além disso, o impacto ambiental dessa solução carece de estudos.

Faltam canteiros no país

Entre os desafios para o descomissionamento no país estão a ampla variedade de lâmina d’água (entre 15 m e 1 mil m) e o grande número de poços submarinos e equipamentos de grande porte, como manifolds de 400 t.

Há também gargalos na infraestrutura logística do país, que ainda não foi adaptada a operações de descomissionamento. Não existem, por exemplo, canteiros dedicados para receber materiais inutilizáveis. Além disso, o número de embarcações especializadas no Brasil, como heavy-lifts, é relativamente pequeno.

A alta sensibilidade ambiental da costa do país, onde há presença de rodolitos e corais de águas profundas, é outra questão que preocupa a estatal, além do risco de alastramento de espécies invasoras, como o Coral Sol.

“O descomissionamento é uma etapa importante e complexa. Em resumo, é preciso fazer o tamponamento dos poços para evitar vazamentos e desmontar e retirar do mar os equipamentos submarinos e a plataforma. O Brasil ainda não tem regras ambientais claras a respeito desse desmonte, o que aumenta a complexidade desse trabalho”, explica Hideo Hama, conselheiro da Abemi e presidente da Fluxo Soluções Integradas

Para superar as dificuldades, a Petrobras participou de um projeto multicliente (Joint Industry Project) com a DNV-GL, Shell, Dommo, Repsol Sinopec, TechnipFMC, Subsea 7 e Equinor, que deu origem a um guia publicado em setembro do ano passado. Além disso, a companhia mantém uma cooperação com a Coppe-UFRJ para gerar diretrizes metodológicas de descomissionamento. O documento deve ficar pronto em dezembro deste ano.

Fonte: Brasil Energia Petróleo

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