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Abertura do mercado de gás trará benefícios para consumidores e indústria

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Com disponibilidade de gás natural no poço mas tendo o preço de venda mais caro do G20, que reúne as maiores economias do mundo, o Brasil aponta agora para grandes transformações no mercado de gás natural e na matriz energética do país. Para reduzir o preço do gás e fomentar a industrialização, o plano Novo Mercado de Gás, lançado pelo governo federal em junho, promete reduzir pela metade o preço desse insumo.

As novas diretrizes do governo federal preveem a quebra do monopólio da Petrobras na produção e distribuição de gás e petróleo, um trabalho que está sendo conduzido pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e acompanhado pelo Comitê de Monitoramento da Abertura do Mercado de Gás Natural.

O plano pretende estimular a competição no setor, aprimorar o aproveitamento do gás do pré-sal da Bacia Sergipe/Alagoas e de outras descobertas, aumentar a competição na geração termelétrica a gás e ampliar os investimentos em infraestrutura de escoamento, processamento, transporte e distribuição de gás natural.

Junto com as indústrias, as usinas térmicas consomem 80% do gás natural. Os consumidores residenciais representam 1%, e os automóveis usam 9%. A queda no preço do gás vai baratear a energia elétrica gerada em usinas térmicas a gás, beneficiando toda a cadeia de consumidores.

Impactos na engenharia

“Essas mudanças terão grande impacto nas indústrias de engenharia, sistemas e equipamentos de O&G. Falando só na área offshore, focando na Bacia de Santos, no pré-sal, hoje nos defrontamos com os maiores desafios mundiais em necessidades e avanços tecnológicos”, afirma Hideo Hama, conselheiro da ABEMI e presidente da Fluxo Soluções Integradas.

Segundo ele, é imensa a área onde a tecnologia nacional pode atuar competitivamente, como na transferência de resíduos sólidos para o continente, que no caso da Bacia de Santos representa um volume de 2.900 toneladas por mês.

Hideo informa que, na área de distribuição de gás, toda a engenharia está sendo desenvolvida no Brasil. Com exceção dos “FSRU to Wire”, cujas plantas termoelétricas vêm empacotadas do exterior, e em casos em que o consórcio estrangeiro traz as demais necessidades de engenharia, todos os sistemas de redução de pressão, filtragem e medições são fornecidos pelo mercado nacional, com competitividade.

O conselheiro da ABEMI acredita ainda que a compra de pipelines, nos desinvestimentos, também trará muitas oportunidades em engenharia e fornecimentos. “Haverá a necessidade de conversões em grandes caldeiras de vários tipos de indústrias. Os motores a diesel utilizados hoje em geração serão substituídos por geração a gás. Acreditamos que a engenharia e a indústria nacional serão bastante beneficiadas com a abertura do mercado de gás”, afirma.

Entre as indústrias beneficiadas, Hideo menciona as que utilizam o gás como matéria-prima, entre elas as produtoras de fertilizantes nitrogenados. A Petrobras decidiu fechar as plantas da Bahia e Sergipe por considerá-las economicamente não viáveis, basicamente pelo custo do gás. “Os nitrogenados já haviam passado para a pauta de importação futura. Agora, com a perspectiva de redução de preços do gás, prevemos a continuidade da produção de nitrogenados e o maior interesse pelos produtos derivados da fabricação desses fertilizantes”, explica.

Outro reflexo positivo da abertura do mercado de gás, na opinião de Hideo, é a implantação do CTBS (Centro de Tecnologia da Baixada Santista), a ser constituído pelo tripé consórcio acadêmico, indústria e poder público. “É um modelo de centro de tecnologia já existente em outros países ricos em óleo & gás, que trará uma perspectiva de excelente de desenvolvimento da tecnologia nacional”, conclui o presidente da Fluxo Soluções Integradas.

Editora Conteúdo/Abgail Cardoso

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