A Associação Brasileira de Engenharia Industrial (ABEMI) promoveu no início de dezembro palestra ministrada por Newton José Leme Duarte, Presidente Executivo da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (COGEN), Mauro Nardo, Gerente de Energia Renovável da Raízen e Zilmar José de Souza, Gerente em Bioeletricidade, da União da Indústria de Cana de Açúcar (ÚNICA). Os especialistas abordaram a bioenergia, nome dado à energia proveniente da biomassa, matéria orgânica de origem vegetal e animal.
Esse tipo de energia pode ser utilizado para produzir combustíveis, eletricidade e calor, sendo considerada uma alternativa às fontes de energia convencionais, que vigoram na matriz energética mundial, representando 9% da matriz elétrica do Brasil, ocupando a 4ª posição, superada somente pelas usinas de fonte hídrica, termelétricas a gás natural e eólicas.
Biogás e Biomassa
De acordo com Leme Duarte, da COGEN o biogás é um combustível de alto poder calorífico, gasoso e constituído, principalmente, por metano. Esse combustível pode ser usado para substituir o uso de gás natural, resultado de fontes de energia não renováveis. “Nós temos a sorte de ter um país com uma matriz renovável energética de 45%. O mundo da biomassa, com o etanol e cana de açúcar, ajuda muito nessa matriz energética. Hoje o Brasil já é 82% renovável”, explica.
Segundo Nardo, da Raízen, o papel da biomassa vai muito além da bioeletricidade. A Raízen tem projetos para dar início a produção de energia a partir de linhaça e palha de cana. A empresa gera para cada litro de etanol 12 litros de linhaça. Por isso, a Raízen precisa dar destinação adequada a esse material.
“A empresa já enfardou 200 mil toneladas de palha seca de cana. Muitos países têm procurado soluções para o substituir o carvão. Por isso, estamos trabalhando no mercado para tornar esses produtos de biomassa ainda mais interessantes para exportação ”, afirma Nardo.
Potencial a explorar
Segundo Souza, da ÚNICA, apesar da grande oferta interna de energia do Brasil ser o petróleo, desde 2007 a bioenergia ocupa a segunda posição com o Etanol e a bioeletricidade na matriz interna de energia elétrica no país. “Com a biomassa proveniente do setor sucroenergético, produzimos na última safra 33 bilhões de litros de etanol e 29 bilhões de toneladas de açúcar. Além disso, o setor também produzir energia elétrica internamente. Também na safra do ano passado, de tudo que foi produzido, 40% de bioenergia foi para o mercado interno e 60 % para a rede elétrica”.
Ainda segundo Souza, há potencial para mais geração de energia por meio da bioenergia. De acordo com dados da UNICA, mais de 200 empresas já nasceram exportando energia elétrica para a rede. “Com isso, 54% dos parques exportam energia elétrica para a rede, e 46% produzem para o consumo interno. Essa é uma ótima oportunidade para as empresas de engenharia”.
Novas perspectivas
A cana-de-açúcar é o grande destaque porque dá origem ao etanol e ainda gera energia para movimentar as usinas e excedente para a rede. Esse setor, contudo, está no limite da capacidade de produção, enquanto não acontecerem novos investimentos.
Pensando nisso, o RenovaBio, programa do Governo Federal, lançado pelo Ministério de Minas e Energia, em dezembro de 2016, tem como objetivo expandir a produção de biocombustíveis no Brasil, baseada na previsibilidade, na sustentabilidade ambiental, econômica e social, trazendo novas perspectivas de investimento para toda a cadeia industrial. “O trabalho dos associados da ABEMI é fundamental, os grupos que estão investindo nesse mercado precisam ter parceiros para melhorar as ações da indústria”, finaliza Duarte.
Editora Conteúdo/Marciel Oliveira