As descobertas científicas, as inovações tecnológicas e as novas demandas da sociedade são fatores que exigem atualização constante das profissões. Nos próximos anos, muitas metodologias de trabalho ficarão ultrapassadas e serão substituídas por novas estratégias e ferramentas. Em meio a essas transformações, o futuro da Engenharia continua promissor. A nova geração de engenheiros deve ser orientada à análise de dados, ter sensibilidade e correção de rumo com rapidez.
Segundo o professor José Roberto Cardoso, Professor de Engenharia da Escola Politécnica da USP e Head of Technological do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo (SEESP), o mercado está cada vez mais tecnológico, os alunos devem ter habilidade em transferir o conhecimento teórico agregado a competências em TI.
“Saber programar, ter familiaridade com impressão 3D e uma grande proficiência digital fazem a diferença técnica para os novos profissionais de engenharia. Ou seja, atualmente, os alunos chegam ao mercado tendo intimidade com plataformas de aprendizado digital, no entanto, é necessário uma formação adicional em artes e humanas, voltado a demandas multidisciplinares de caráter social, legal e econômico. Com essa visão abrangente dos sistemas complexos na engenharia, como a importância da diversidade, do globalismo, da disruptividade e da escalabilidade, os estudantes serão mais assertivos em integrar novas tecnologias como inteligência artificial, machine learning, automação, interface homem x máquina e interface máquina x máquina em seu dia a dia”, comenta José.
O impacto da tecnologia no cenário profissional
A tecnologia modificou a vida das pessoas em todos os contextos. Isso é nítido no dia a dia. Há duas décadas, por exemplo, um aparelho celular não tinha todas as funções que conhecemos agora. Sem contar que se tratava de um artigo que poucas pessoas tinham acesso. E se a transformação digital impactou nosso cotidiano, as mudanças no cenário profissional foram ainda mais notáveis. Empresas e pessoas de todas as profissões se deparam continuamente com os reflexos da revolução tecnológica e precisam se adaptar às novas demandas.
Segundo José, os cursos de engenharia se repaginaram, de modo que o foco em conteúdo foi substituído pelo foco em competências. Ainda de acordo com José, a competência tecnológica é a mais relevante para o engenheiro, no entanto as competências socioemocionais (ditas soft skills) adquiriram protagonismo neste processo.
As novas metodologias para um novo mercado
A exigência de ensinar utilizando-se metodologias ativas de aprendizagem exigirá dos alunos maior participação na aula e responsabilidade na busca do conhecimento, com a tutoria do professor. As disciplinas práticas devem ser aprimoradas, para garantir que a criatividade seja explorada neste momento, através do processo “mão na massa” e não continuar a ser ministrada através de roteiros que tolhem o processo criativo”, lembra José.
“O ambiente de trabalho será baseado no trabalho em equipe liderado por influência e não por autoridade. O líder não ordenará sobre o que deve ser feito e sim perguntará para a equipe sobre o que fazer para melhorar o desempenho da equipe. Se destacaria aquele que tem raciocínio crítico para encontrar o melhor caminho”, lembra Roberto.
Os cursos de engenharia se repaginaram, de modo que o foco em conteúdo foi substituído pelo foco em competências. Sem dúvida a competência tecnológica é a mais relevante para o engenheiro, no entanto as competências socioemocionais (ditas soft skills) adquiriram protagonismo neste processo. Assim o estudante deve ser avaliado não apenas por saber o conteúdo tecnológico da profissão, mas também será cobrado por apresentar boa comunicação (oral, escrita, gráfica), inteligência emocional (saber controlar suas emoções), dentre outras.
A exigência de ensinar utilizando-se metodologias ativas de aprendizagem exigirá dos alunos maior participação na aula e responsabilidade na busca do conhecimento, com a tutoria do professor. “As disciplinas práticas devem ser aprimoradas, para garantir que a criatividade seja explorada neste momento, através do processo “mão na massa” e não continuar a serem ministradas através de roteiros que tolhem o processo criativo”, pontua.
As principais transformações no ensino
José comenta que para o atendimento dessas novas exigências, a primeira etapa está sendo a formação de professores com foco em novas metodologias de ensino, pois a maioria foi formada no século passado, com metodologia totalmente distinta das atuais, e continuam dando aulas do mesmo jeito que as receberam. “Este processo não é fácil, pois os professores não dispõem de tempo extraclasse para esta formação e, muitos, não acreditam no processo. A dificuldade de convencimento é grande. No entanto com essa nova abordagem mais moderna no ensino, os cursos de engenharia se tornaram mais agradáveis e atraentes, o que resultará na redução do tempo de titulação e da evasão”, finaliza José.
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