A Diretoria de Engenharia da ABEMI realizou em 1o setembro a primeira edição do ABEMI Engenharia Talks, um ciclo de palestras e debates com especialistas para analisar as tendências e o futuro da Engenharia. Realizado de forma híbrida, o primeiro evento discutiu a transição energética e seus desafios e oportunidades em hidrogênio verde. Esta primeira mesa-redonda contou com os palestrantes Emílio Matsumura, country manager Brasil da BlueFloat Energy; Marco Aurélio Gibram, consultor de negócios da Comerc Eficiência; e Thiago Martins Wilman, gerente de propostas de soluções e engenharia na Siemens Energy. Os moderadores foram Maria Aparecida de Souza Peixoto, da área de Engenharia e Procurement da Tenenge, e Thomaz Americano, diretor de Operações da AP Consultoria e Projetos e diretor de Engenharia da ABEMI.
“Convidamos especialistas com visões em três vertentes: uma mais técnica, outra voltada para economia e a terceira para mercado e comercialização, sempre considerando a visão de sustentabilidade, clima e segurança energética”, disse Thomaz. O presidente da entidade, Joaquim Maia, abriu o evento, afirmando que o tema do primeiro ABEMI Engenharia Talks é muito relevante para o Brasil e para o mundo. “Transição energética e descarbonização da economia são questões mundiais, que ficaram evidentes, principalmente em razão da crise energética decorrente da guerra na Ucrânia. O Brasil tem fontes de energia renováveis em abundância, tanto eólica como solar, que vêm crescendo de forma exponencial, além de grande reserva hídrica. E neste contexto temos o hidrogênio verde como uma nova fronteira a ser explorada”, destacou.
Na sequência, os palestrantes trocaram muitas informações com destaque para a importância do hidrogênio como contribuinte para descarbonização energética e para atender às metas de redução do aquecimento global. Para Emílio Matsumura, rotas tecnológicas que contribuam para a baixa emissão são o mais importante para a descarbonização da matriz energética. “Hoje o hidrogênio é obtido basicamente a partir de fontes fósseis. São cerca de 90 milhões de toneladas/ano produzidas com gás natural, quando o que se busca é a baixa emissão”, disse. O Brasil tem um grande um grande potencial para a produção de hidrogênio usando o processo de eletrólise de fontes renováveis, podendo ter uma posição de destaque global e ajudando o mundo a se aproximar de uma nova era, de energia competitiva, barata e mais sustentável.
A curto prazo, porém, Emílio considera um grande desafio melhorar a competitividade do hidrogênio verde, mesclando-o com o produzido a partir do gás natural. Citou também os desafios de armazenamento e transporte. Numa primeira fase, ele acredita que vão sair do papel projetos cuja tecnologia de produção de hidrogênio verde está próxima do polo o consumidor, evitando-se o transporte.
Desafios e oportunidades
Como responsável pela área de hidrogênio verde na Comerc Eficiência, Marco Aurélio Gibram falou sobre como a empresa vem se preparando para ser relevante nesse mercado, que está em expansão. Em associação com a Casa dos Ventos, que é o maior player de energia renovável no Brasil, a Comerc Eficiência está mirando tanto no mercado interno como no externo com produção centralizada em plantas de grande porte.
Para driblar o fato de que o hidrogênio é um gás muito leve, segundo Marco Aurélio, uma das ideias é transformar o gás em outro subproduto, como amônia, metanol e SAF (combustível de aviação sustentável). A amônia, por exemplo, pode ser usada na indústria química, de fertilizantes e de combustível para motores de navios. “Hoje o mundo consome 180 milhões de toneladas de amônia, e a expectativa é que esse volume, no futuro, seja consumido apenas para transporte marítimo”, destacou.
Gerente de propostas de soluções de engenharia na Siemens, Thiago Wilman comentou que hidrogênio como energia não é novo, a novidade está na sua produção – graças ao desenvolvimento de tecnologias como a eletrólise – a partir de fontes renováveis, o que o coloca como vetor da descarbonização e da transição energética. “Costumo dizer que os projetos de hidrogênio não têm uma fórmula específica, exatamente pela questão da competitividade. Projetos que têm se viabilizados são aqueles que atendem a demandas latentes de um cliente. A tecnologia é uma parte que viabiliza o todo. Hoje a composição de diversas circunstâncias é que está fazendo os projetos de hidrogênio vingarem”, observou Thiago.
Em resumo, a expressão economia sustentável e de baixa emissão tem sido utilizada para descrever um novo paradigma econômico baseado no hidrogênio como vetor energético e não mais numa economia dependente quase exclusivamente de recursos não renováveis, como o petróleo e seus derivados. Segurança energética e a redução dos impactos ambientais constituem os principais motivadores para a mudança de paradigma. A segurança energética é evidenciada uma vez que a possibilidade de obtenção de hidrogênio de várias fontes permite privilegiar as fontes locais de cada país, diminuindo ou evitando a importação de energia.
Assista ao Engenharia ABEMI Talks pelo link: https://drive.google.com/file/d/182VaBXC3Zv401qFjXi0SDRcThkuZ0Bhw/view?usp=sharing
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