A Associação Brasileira de Engenharia Industrial (ABEMI) promoveu, no dia 24 de setembro, palestra ministrada por Luiz Maia, Managing Partner, investments e Private Equity da Brookfield. Durante a apresentação, o executivo destacou a história e os investimentos do grupo no Brasil, e ressaltou a importância das associações como a ABEMI para o crescimento da economia do país.
A Brookfield é uma gigante global em gestão de ativos, com US$ 265 bilhões aplicados em negócios e investimentos em mais de 30 países. Ficou conhecida entre os brasileiros como fundadora da Light, mas sua história vai muito além de uma empresa que atua no segmento de energia.
No Brasil, a Brookfield se separou da Light aos poucos, vendendo suas ações para o governo (federal e dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro). A saída dos negócios começou em 1963, quando ela repassou os serviços de bonde elétrico ao antigo estado da Guanabara (hoje a cidade do Rio) e terminou em 1981, quando a Eletropaulo, que ainda era uma estatal, assumiu as operações de energia no Estado de São Paulo.
O grupo ficou conhecido pela sua empresa imobiliária criada em 1978, a Brascan. O nome mistura sua origem brasileira e canadense. Em 2009, ela foi rebatizada de Brookfield Incorporações, após comprar as concorrentes Company, MB Engenharia e Tamboré.
“Não existe outro grupo estrangeiro que tenha tido uma presença tão longínqua como a nossa no Brasil. Nossa presença no país é nacional, em vários estados e negócios. Nossa atuação começou na região sudeste e, atualmente, atuamos no interior do Brasil, onde há diversas oportunidades de investimentos. Em 120 anos, muita coisa mudou, mas o nosso DNA continua o mesmo, grandes negócios, grandes investimentos”, ressaltou Maia.
Investimentos recentes
Durante a palestra, o executivo destacou as empresas que foram adquiridas pela companhia no Brasil. Entre os investimentos, estão os aportes feitos por empresas nas quais a Brookfield tem participação, como a Arteris, dona de concessões das rodovias Fernão Dias e Regis Bittencourt.
Também reforçou a participação de 30% da ferrovia e das estruturas multimodais da VLI, que tem entre acionistas a mineradora Vale e Mitsui. Outro o destaque, ficou nos investimentos de transporte de gás, onde foram aplicados 24 bilhões de reais na A NTS, que agora é gerido pela Brookfield Brasil.
“A compra da A NTS foi um excelente negócio, a relação com a Petrobras está ótima. O próximo passo é expandir. O Brasil tem um mercado de gás com potencial enorme pela frente, então a nossa ideia é dar continuidade aos investimentos”, comentou Maia.
Na área de Private Equity, Luiz Maia lembrou a aquisição da Odebrecht Ambiental que pertencia a Odebrecht S.A. Com a operação, a empresa BRK Ambiental se tornou a maior prestadora privada de serviços do Brasil. Ainda segundo Maia, o próximo grande hype na infraestrutura no país será o saneamento básico. No Brasil, 50% do esgoto é coletado, 25% é tratado e 25% descartado sem nenhum tratamento.
“A cada um real investido em saneamento, quatro reais são economizados em saúde. Quem paga essa fatura são as classes mais fragilizadas por conviver com o esgoto a céu aberto. Atualmente, apenas 5% estão no setor privado atua com saneamento e as demais demandas estão sendo atendidas por empresas estaduais”.
Oportunidades no Brasil
Segundo Luiz Maia, a Brookfield vê o Brasil sempre pensando onde podem haver novos investimentos. De acordo com ele, o Grupo tem uma vantagem sobre os concorrentes, já que o setor privado e público enxerga a empresa como uma companhia brasileira.
“Todos nossos funcionários no país são brasileiros. Isso ajuda muito na tomada de decisão. Trazemos investidores e mostramos que o Brasil é viável”, afirma. O executivo reforçou também o perfil da empresa. “Atuamos de forma low profile. Nossa missão é sempre gerar retorno para nossos investidores, com horizonte sempre a longo prazo. Temos uma visão crítica do Brasil, mas otimista sobre as oportunidades”.
Posicionamento da ABEMI
Segundo Gabriel Aidar Abouchar, diretor-presidente da ABEMI, uma das maiores preocupações da Associação é a queda de investimentos em infraestrutura, que está em um dos menores níveis históricos em relação ao PIB e pode se agravar com os cortes e bloqueios de orçamentos, prejudicando não só a engenharia, mas de todos setores econômicos e o país.
“Investimentos em infraestrutura tem grande efeito multiplicador devido à sua ampla cadeia produtiva, intensidade de mão de obra e necessidade de utilização de máquinas e equipamentos pesados”, explicou Gabriel.
Editora Conteúdo/Marciel Cardoso