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Desafios e oportunidades na transição energética: um panorama global

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A transição energética é um processo complexo e desafiador, mas é essencial para enfrentar as mudanças climáticas e garantir um futuro sustentável. No Brasil, a transição energética já está em andamento, com o aumento da participação de fontes de energia renováveis na matriz energética. Em 2023, as fontes renováveis representaram 47,2% da matriz energética brasileira, contra 36,8% em 2020.

No mundo, a transição energética também está em andamento, com o aumento dos investimentos em fontes de energia renováveis. Em 2022, os investimentos globais em energias renováveis atingiram US$ 1,2 trilhão, um aumento de 27% em relação a 2021.

Diante deste cenário, Nelson Romano, Chairman da DBR Energies e membro do comitê de transição energética da ABEMI (*), delineia um cenário complexo e desafiador no panorama global da transição energética. Durante uma entrevista abrangente, Nelson abordou temas importantes, desde o nivelamento de conhecimento até a importância de inovações tecnológicas e políticas públicas na busca por soluções sustentáveis.

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Nelson, conhecido por sua dedicação à educação sobre questões energéticas, sustentabilidade e o aumento do CO2, ressaltou que a transição energética não é apenas uma escolha, mas uma necessidade essencial para enfrentar os desafios futuros.

Desafios da Transição Energética

Em suas participações sobre a matéria Nelson tem evidenciado que  a transição energética não depende somente de fatores tecnológicos e econômicos mas  se insere em valores sociais, ecológicos, conectividade entre os seres humanos, qualidade de vida, pobreza, guerras e a proteção do meio ambiente.

Expressando preocupação com a situação energética no Brasil, Nelson previu um cenário de sério desequilíbrio  perto do final da década ou mesmo antes devido a uma provável sobra muito grande de energia elétrica em certos períodos do ano devido a um crescimento exagerado da oferta de energia renovável o que acabará resultando em uma energia ainda mais cara. Ele enfatizou a necessidade premente de adotar políticas adequadas, incluindo apoio a energia  nuclear, para garantir uma transição sustentável e evitar custos energéticos exorbitantes

Nelson também abordou o impacto ambiental do carro elétrico que é uma das ferramentas para a menor emissão de CO2, destacando que a origem da energia elétrica utilizada pode influenciar significativamente o impacto ambiental. A energia elétrica de origem limpa transferida aos carros elétricos representa um impacto direto nas emissões de CO2.  Ele sublinhou a importância da geração de energia limpa, ressaltando que uma parte substancial da energia mundial ainda provém de fontes poluentes, como o carvão.

Energia Nuclear: Mitos, Desafios e Potencial 

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No centro do debate, Nelson defendeu a energia nuclear como uma peça crucial na transição energética. Ele reconheceu que há mitos e preocupações em torno dessa fonte de energia, mas enfatizou que tecnologias modernas incorporam medidas avançadas de segurança, tornando os reatores mais seguros.

Nelson destacou que, além de sua segurança, a energia nuclear desempenha um papel fundamental na redução das emissões de carbono. Ele sublinhou a necessidade de investir em pesquisa e desenvolvimento contínuos para aprimorar a segurança e eficiência das instalações nucleares.

Enfatizou ainda a importância de superar o medo associado à energia nuclear por meio da educação pública. Ele acredita que a conscientização sobre avanços tecnológicos e rigorosos padrões de segurança é crucial para obter apoio público para uma maior inclusão da energia nuclear na matriz energética.

Desafios no Setor de Gás Natural e Biocombustíveis 

Nelson também falou sobre a diversificação, citando o projeto do Grupo BBF em Manaus, cujo foco no óleo de palma produzida em áreas degradadas apresenta desafios econômicos e políticos. A viabilidade econômica do empreendimento torna-se complexa, especialmente diante de certas restrições da União Europeia e complexidades políticas no Brasil. Enfatizando a importância estratégica do projeto, destacou a importância do uso de outros óleos vegetais e gordura animal que , embora possam ter uma viabilidade econômica mais difícil, também devem ser considerados.

Abordou, ainda, que em suas palestras tem abordado tecnicamente a questão das mudanças climáticas, emissões de CO2 e as metas de redução na Europa, ressaltando a urgência de ações para evitar impactos ambientais irreversíveis.

Nessa abordagem sobre biocombustíveis, Nelson destacou os desafios, da utilização do SAF (safe aviation fuel) em substituição ao querosene de aviação e o HVO (hydrogenated vegetal oil) em substituição ao diesel. No entanto, a viabilidade econômica dessas alternativas é complexa.  Em que pese isso, refinarias no exterior tem sido adaptadas com sucesso para esse tipo de operação e atualmente a Petrobras tem diversos projetos em andamento nessa linha.

Todavia, metas irrealistas tem sido estabelecidas internacionalmente, tais como para o SAF onde a meta hoje discutida para 2050 requer uma área 4 vezes maior que a de toda a palma plantada no planeta, de longe a maior e uma das melhores fontes de óleo vegetal para combustível. Lembrando que já existe uma pressão política grande contra o óleo de palma devido a erros de desmatamento cometidos em alguns países da Ásia

Também mencionou a questão do gás natural, hoje no centro dos debates da geração de energia, produção de fertilizantes e petroquímica lembrando seu potencial poluidor muito menor, sendo considerado fonte verde para hidrogênio na Europa. Os esforços que estão sendo feitos para a utilização do gás natural disponível no Brasil e interligação com o grande campo de Vaca Muerta da Argentina são cruciais para a questão energética no Brasil.

Questionado sobre a produção e utilização do Etanol destacou que a situação do Brasil é privilegiada sendo o etanol hoje equivalente ao consumo de gasolina na matriz energética.

Ainda falando de diversificação abordou a questão do hidrogênio, o melhor combustível existente, destacando que é um caminho importante, mas devido a sua principal tecnologia de produção sem utilização de hidrocarbonetos ser por eletrólise está profundamente atrelado ao custo da energia elétrica, portanto ainda excessivamente caro. Assim além de sua utilização para produzir amônia enfrenta ainda o desafio técnico-econômico de  dificuldade de armazenamento que requer temperaturas muito baixas, próximas do zero absoluto ou pressões muito elevadas o que implica em dificuldades tecnológicas e econômicas ainda não resolvidos.  A utilização em células, embora promissor, ainda passa também por desafios tecnológicos a serem superados.

Diversificação da matriz energética

Nelson destacou que embora a questão das emissões de CO2 seja um problema muito sério o exagero com que isso é tratado por certas entidades acaba atrapalhando os programas de proteção ambiental, pois vale a máxima mencionada no COP 28 de que não se pode simplesmente desligar o sistema energético existente antes de se construir outro. É simplesmente impossível, é essencial separar fatos de ficção, realidade de fantasia e o impacto da ideologia.

Em conclusão, a diversificação da matriz energética, a superação de mitos em torno da energia nuclear e hidrogênio e a conscientização sobre escolhas energéticas são cruciais para enfrentar os desafios climáticos iminentes.

(*) Nelson Romano é formado em engenharia industrial química pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI). Posteriormente, se tornou professor de Operações Unitárias da Indústria Química e Transmissão de Calor, e engenheiro de processamento de petróleo pela Petrobras. Nelson foi um dos pioneiros na indústria petroquímica brasileira na Petroquímica União, em Capuava, Copene, em Camaçari e, Rio Polímeros em Duque de Caxias onde atuou por mais de 25 anos. Também foi presidente da ABEMI na gestão 2016-2019.De

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