Paralisada desde 2015, a usina nuclear de Angra 3 foi classificada pelo Ministério das Minas e Energia como projeto prioritário de infraestrutura para o país. Ao anunciar a decisão, o ministro Bento Albuquerque informou que a proposta de enquadramento da usina como prioridade já foi encaminhada ao Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), tendo sido iniciada uma pesquisa de mercado para colher informações e sugestões de potenciais parceiros privados.
Além da retomada de Angra 3, outras notícias sinalizam a reativação do setor de energia nuclear: o prolongamento da vida útil de Angra 1, a construção dos reservatórios para o combustível usado por Angra 2 e a confirmação da construção de novas unidades nucleares para geração de energia – duas no Nordeste e duas no Sudeste. A previsão é de que as obras de Angra 3 sejam reiniciadas em 2020 para que a usina entre em operação em 2026.
Energia de base
“O Brasil precisa de energia de base, portanto necessita da geração nucleoelétrica”, afirma o engenheiro Antônio Ernesto Ferreira Müller, empresário do segmento de energia. Segundo ele, as unidades 1 e 2 de Angra dos Reis geram energia elétrica de base, isto é, geram constantemente com um fator de capacidade superior a 95%, contribuindo para a estabilidade do sistema e para o aumento de reservação das usinas hidrelétricas. São unidades amigáveis para o meio ambiente.
“Com o futuro aumento do PIB, serão necessárias mais usinas provedoras de energia limpa, confiável e de geração contínua”, reforça, observando que as empresas privadas e do governo sempre investiram em desenvolvimento de profissionais de engenharia de projeto, construção e operação de unidades nucleares.
“Com o atraso de Angra 3, vários profissionais treinados se aposentaram e estão sendo substituídos por pessoas mais jovens. Agora, com a decisão de reinício das obras, os treinamentos serão intensificados”, destaca.
No caso de engenharia de projeto e construção, Antônio Müller assegura que existe ainda um núcleo de profissionais altamente capacitados. “Eles serão importantes nesta nova fase de treinamento”, ressalta, lembrando que a World Nuclear University promove anualmente um curso de treinamento de novos profissionais.
Debates internacionais
Os impactos positivos da energia nuclear, a experiência com a operação de 50 anos em unidades da Índia, aspectos econômicos da geração nucleoelétrica no Canadá e Estados Unidos e o papel da energia nuclear na matriz energética brasileira foram alguns dos temas debatidos no World Nuclear Spotlight, evento internacional realizado nos dias 3 e 4 de abril, no Rio de Janeiro.
Organizado pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN) e pela World Nuclear Association (WNA), o evento reuniu executivos, economistas e representantes de governo. “No mundo, existem 450 unidades nucleares em operação em 30 países e 55 em construção em 18 países”, informa Antônio Müller. A delegação brasileira nesse encontro teve mais de 100 integrantes.
Novos debates serão realizados nos dias 3 e 4 de julho próximo, no auditório de Furnas, no Rio de Janeiro, durante a 10ª edição do Seminário Internacional de Energia Nuclear – o SIEN 2019. O seminário vai colocar em discussão o novo modelo de parceria e as novas oportunidades de negócios com a retomada de Angra 3 e o planejamento de novas usinas. No dia 5 de julho, será feita uma visita técnica a Angra 3.
Fonte: Editora Conteúdo/Maria Inês Caravaggi