Em entrevista recente, Marcelo Lima, Chief Compliance Officer da ABEMI e Diretor de Governança e Integridade da TSE e do Estaleiro do Brasil, discutiu a relevância duradoura dos programas de compliance e a evolução das práticas de integridade corporativa nas empresas brasileiras. Apesar do passado turbulento marcado pela Operação Lava Jato, Marcelo enfatizou que os princípios fundamentais de combate à corrupção continuam a ser uma prioridade para as organizações que buscam manter sua reputação e confiança no mercado.
Marcelo participou recentemente de um evento no Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), onde a principal discussão girou em torno do comprometimento das empresas com a integridade, especialmente após a promulgação da lei anticorrupção de 2013 e seu decreto regulamentador de 2015. “As empresas fizeram um trabalho muito bom de prevenção à corrupção à época”, comentou Marcelo. “No entanto, a pergunta agora é: como estamos hoje?”
Compliance e ambiente jurídico
Ele destacou que muitas empresas mantêm altos padrões de compliance, mesmo enfrentando um ambiente jurídico instável no Brasil. A incerteza legal, onde decisões judiciais podem variar significativamente, cria desafios adicionais para a consistência na aplicação das leis anticorrupção.
Marcelo reforçou a importância da certificação ISO 37001, uma norma internacional de gestão antissuborno, que sua empresa adota com auditorias internas e externas regulares. “Nós na EBR somos auditados duas vezes por ano, garantindo que nossos processos estão em conformidade com os mais altos padrões internacionais”, afirmou.
O Futuro do Compliance
A evolução da área de compliance também foi um tema central na entrevista. Marcelo ressaltou que o escopo das responsabilidades de compliance se expandiu para incluir temas de responsabilidade social e ESG (ambiental, social e governança). “A onda do ESG é muito positiva. Hoje, vemos relatórios de sustentabilidade impressionantes, e isso eleva o padrão do mercado”, disse ele. Em relação ao “S” do ESG, por exemplo, o EBR recentemente recebeu a certificação SA8000, norma internacional em responsabilidade social e direitos humanos. “Somos o primeiro estaleiro a alcançar esta marca e somente a nona empresa do Brasil certificada. É um marco expressivo em nossa jornada. Agora estamos em processo de adequação para a certificação da TSE”.
Marcelo destacou que a ABEMI, em sua atual gestão, tem dado relevância ao Compliance e ESG, citando como exemplo a realização da Jornada ESG, um evento que promoveu discussões e a troca de experiências sobre práticas sustentáveis e de governança entre as empresas associadas.
Para Marcelo, é crucial que as associações empresariais promovam a discussão e a adoção de boas práticas de compliance. “A associação deve estimular o debate e encorajar a adoção de medidas de integridade, sem imposições. Encontros e palestras são enriquecedores e fundamentais para o progresso do mercado”, afirmou.
Ele também destacou que, no mercado atual, um programa robusto de compliance não é mais opcional. “Uma empresa sem um programa de compliance bem estruturado não consegue financiamento, nem aprovação de clientes e parceiros. Isso é essencial para operar no nosso setor”, explicou. Marcelo vê essa demanda crescente como um aspecto positivo que eleva a barra para todas as empresas, promovendo uma maior responsabilidade e transparência no mercado.
Conclusão
Marcelo demonstrou otimismo com as iniciativas em andamento e a crescente importância atribuída ao compliance e à responsabilidade social. “O trabalho continua e evolui, e isso é muito positivo. Estamos preparados para atender às exigências do mercado e contribuir para um ambiente de negócios mais ético e sustentável”, finalizou. Essa entrevista reflete a dedicação contínua das empresas em manter práticas de compliance robustas e a importância de promover uma cultura de integridade e responsabilidade social no ambiente corporativo.
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