A automação de projetos e a modularização na construção e montagem são dois dos mais importantes avanços na engenharia moderna, que busca executar projetos com maior confiabilidade e assertividade, dentro do menor tempo e custo possíveis.
“A automação de projetos significa usar determinadas ferramentas que fazem a interface entre as disciplinas civil, mecânica e elétrica. São softwares que colocam todas as disciplinas no mesmo campo, facilitando muito a verificação e correção de eventuais interferências e a validação ou não da solução que está sendo proposta”, afirma Márcio Alberto Cancellara, presidente da Projectus Engenharia, empresa que atua nos setores de óleo e gás, automobilístico e papel e celulose.
Atuação conjunta, o grande diferencial
Antes os projetos civil, mecânico e elétrico eram feitos separadamente e, na hora de juntá-los, que podiam chegar a 10 mil documentos, o risco de interferências era grande, obrigando a retrabalhos que impactavam no custo e no prazo. As ferramentas de integração e automação facilitam também a gestão de projetos.
Já a modularização na construção e montagem é um método cada vez mais difundido por seus diversos benefícios. Cada vez mais, o mercado tem optado por essa solução. Plataformas de petróleo, refinarias e indústrias petroquímicas, por exemplo, têm sido projetadas dessa maneira. Os módulos de geração de energia, tratamento de água, hospedagem, assim como todos os demais que fazem parte do empreendimento, são projetados para serem construídos separadamente e, no final, são montados e interligados na plataforma ou no local onde será a indústria.
Segundo Cancellara, além de reduzir o tempo e o custo da obra, esse método tem um impacto grande na saúde e segurança ao reduzir a circulação de trabalhadores externos numa refinaria, por exemplo. “A maior parte do trabalho é executada fora e, graças à automação de projetos que permite a segmentação do projeto, as tarefas podem ser executadas simultanteamente, em locais e por fornecedores diferentes. Antigamente, era preciso chegar tudo no canteiro de obra para começar o trabalho”, compara. Com isso, ganha-se muito tempo e isso significa que mais rapidamente o empreendimento pode entrar em operação para começar a dar retorno.
Para cumprir o desafio de propor a melhor solução técnica, é importante, na opinião do executivo, um contato estreito da empresa de engenharia de projetos com as empresas de construção e montagem, já que elas também trazem novas tecnologias e inovações. A atuação conjunta é fundamental para reduzir o prazo e o custo total e para desenvolver uma solução que facilite a operação e a manutenção. “Nessa aproximação, a ABEMI tem um papel muito importante, porque é a única associação que reúne empresas de engenharia, construção e montagem”, afirma.
Novas ferramentas e treinamento
Segundo Cancellara, o setor de projetos de engenharia ainda sofre os reflexos da crise. “A queda foi brutal. O setor fatura hoje 30% do que fazia há cinco anos e enfrenta dificuldade para inovar, que, em engenharia de projetos, envolve pesquisa de novas ferramentas, recursos para investir em ferramentas e em treinamento de pessoal”, observa.
Os investimentos em ferramentas podem ser retomados com certa facilidade com o reaquecimento do setor. A dificuldade maior, segundo o presidente da Projectus Engenharia, é a perda do capital humano, que vinha sendo treinado ao longo de anos.
Editora Conteúdo/Abgail Cardoso