circulo-amarelo - esq

Economistas defendem medidas para destravar investimentos no Brasil

FInancial diagrams, charts and graphs

Diante da queda no Produto Interno Bruto (PIB) de 0,2% no primeiro trimestre do ano – recuo que chegou a 2% quando se fala da indústria da construção –, é necessário que o governo vá muito além de medidas paliativas, implementando iniciativas consistentes para destravar investimentos e concessões em infraestrutura.

A recomendação é dos economistas Antonio Corrêa de Lacerda e André Paiva Ramos, da ACLacerda Consultores. “É preciso adotar um programa de investimento público que fomente e retomada da construção civil e a rearticulação da cadeia produtiva do setor. A retração acumulada da construção está em torno de 29% em comparação a 2014”, destaca Lacerda. Segundo André, não há indicadores que prenunciem uma melhora do nível de atividades. “Revisamos o nosso prognóstico de crescimento da economia brasileira, que era de 2% no início de 2019, para apenas 0,5%”, afirma.

Para eles, o governo e a equipe econômica têm enfatizado o papel da reforma da Previdência como fator de confiança, reversão das expectativas e retomada das atividades. “Trata-se, no entanto, de superestimar o seu efeito”, acredita Lacerda. “Chama a atenção a ausência de políticas e medidas que impulsionem a produção, os investimentos e o consumo”, acrescenta.

A importância do crédito e o papel do BNDES
Na análise dos economistas, há muita coisa a ser feita. Um dos exemplos é o crédito, que continua muito caro. As poucas medidas em curso têm sido no sentido de contraí-lo ainda mais, com a atrofia dos bancos públicos. “Além de baixar a taxa Selic, torna-se imprescindível uma melhora nas condições de crédito aos tomadores finais, tanto para consumidores quanto para empresas”, reforça André.

Ele destaca a importância do papel do BNDES para o desenvolvimento econômico. “Esse banco de fomento tem sido historicamente o principal responsável por ofertar crédito compatível com a rentabilidade esperada dos projetos de investimento no país”, lembra. Para Lacerda, é necessário preservar a atuação do BNDES, sobretudo em um contexto em que é preciso impulsionar os investimentos e o nível de atividades.

Um ponto de atenção é o relatório da reforma da Previdência que vai ser votado no Congresso e prevê o fim dos repasses do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) ao BNDES. André alerta que, que uma vez aprovada, a medida tenderia a dificultar o cumprimento do cronograma de devoluções de recursos ao Tesouro. “Especialmente em um momento de crise e atrofia de investimentos como o atual, essa medida seria um retrocesso”, afirma.

Além de inviável, o não repasse do FAT comprometeria significativamente as operações do banco, com um agravante: não há substituto para a sua atividade no mercado privado, uma vez que inexistem fontes de financiamento de longo prazo a custos compatíveis. “A atuação do BNDES é essencial, especialmente em face da longa crise enfrentada pela economia brasileira. Inviabilizar a sua atuação representaria, na prática, adiar a saída da crise”, destaca Lacerda.

As possibilidades de investimentos
Medidas paliativas, como a liberação de contas inativas do FGTS e do Pasep, não são suficientes para reverter o quadro vigente de apatia. Na avaliação de André, elas podem ter algum efeito pontual positivo sobre a demanda, representando apenas um impacto limitado e localizado.“Se quiser, como é necessário, criar um ambiente mais favorável ao crescimento para 2020, a equipe econômica precisa diversificar suas estratégias e medidas, uma vez que muitas delas têm um tempo de maturação considerável”, lembra Lacerda.

O potencial de investimentos é considerável, na visão dos dois economistas da ACLacerda Consultores. Segundo estimativas do Ministério de Infraestrutura, o programa de leilões de infraestrutura do governo federal de 2019 a 2022 pode gerar R$ 129,8 bilhões de investimentos em transportes e logística, sendo:

• R$ 58,4 bilhões em obras rodoviárias;
• R$ 8,5 bilhões na modernização de aeroportos;
• R$ 3,4 bilhões em portos;
• R$ 59,5 bilhões na modernização e expansão de ferrovias;
• Em março e abril, foram realizados leilões de terminais portuários na Paraíba, Espírito Santo e Pará, gerando R$ 667,4 milhões.

Editora Conteúdo/Abgail Cardoso

Compartilhe:

Posts Relacionados

ABEMI e ABSOLAR assinam acordo para promover uso de energia solar em projetos de engenharia industrial
IMG-20230901-WA0044
A ABEMI e ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) acabam de assinar um acordo inovador que visa...
Cresce a participação da iniciativa privada no setor de saneamento, revela Panorama Anual da ABCON SINDCON
Blue White Futuristic Simple Photo Artificial Intelligence YouTube Thumbnail (6)
O Comitê de Saneamento da ABEMI realizou em 22 de agosto evento online para apresentação do anuário da...
ABEMI esteve presente no Parque Tecnológico de Sorocaba para visitar área do NECSOR 4.0
IMG-20230814-WA0007
A ABEMI está a caminho da engenharia do futuro! Em parceria com Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS) e...