O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, participou da reunião realizada na ABEMI – Associação Brasileira de Engenharia Industrial, com os representantes da Coalizão pela Competitividade do Gás Natural como Matéria-Prima (CCGNMP), para apresentação oficial do estudo realizado pelo Instituto de Energia da PUC-Rio (IEPUC).
O ministro Silveira manifestou, na ocasião, a convergência entre o pensamento do governo federal e as demandas desse setor. “Esse é um embate legítimo e muito importante para o desenvolvimento econômico e para a sustentabilidade”, afirmando ainda que o governo tem desenvolvido ações vigorosas nessa área, através do programa Gás para Empregar, aprovado recentemente em reunião com Conselho Nacional de Política Energética – CNPE, com a participação do Presidente Lula.
“Estamos convergentes, empenhados e dedicados nas ações de governo para que nós possamos juntos construir uma política consistente de reindustrialização do país, de fortalecimento do nosso parque industrial químico, de fertilizantes. Vamos usar o gás como uma fonte energética estratégica e importante para garantir segurança energética e alimentar, reindustrializar o país e gerar emprego e renda para a população”, destacou o ministro.
Segundo o ministro, a garantia de suprimento de gás natural a longo prazo é determinante nas decisões de investimentos em novas plantas industriais de diversos setores intensivos no consumo de gás natural e consequentemente no desenvolvimento econômico e social do país. “É inadmissível que o Brasil reinjete o dobro da média internacional. Se nós tivermos grande oferta de gás, viabilizaremos recursos da iniciativa privada para investimento. Temos que discutir primeiro o que escoar nos gasodutos de transporte e nos gasodutos de distribuição”, disse.
O ministro destacou que veio à ABEMI para dialogar com as entidades que compõem a CCGNMP, que demonstraram tecnicamente e economicamente a importância de aumentar a oferta do gás no Brasil para reindustrializar o país. “Os dados demonstram que o parque industrial químico encontra-se com uma ociosidade de 30%, e na disponibilidade de gás como matéria-prima, os setores químico e de fertilizantes terão condições de receber investimentos em torno de R$ 70 bilhões de reais, gerando milhares de empregos e renda. Não avançaremos por falta de oferta e de preços competitivos do gás natural. O desafio agora é discutir como explorar o potencial do Brasil de gás onshore e offshore de maneira equilibrada”, explicou
Principais resultados
O estudo do IEPUC, que avaliou o potencial e as condições de viabilização da oferta de gás natural para uso como matéria nas indústrias química e de fertilizantes no Brasil, já havia sido apresentado à equipe do Ministério de Minas e Energia no início de julho.
Entre os resultados, o estudo verificou que a parcela da produção brasileira de gás natural que chega ao mercado vem caindo nos últimos 10 anos. Hoje 40% da produção é disponibilizada ao setor produtivo. Essa queda é explicada pelo crescimento contínuo dos níveis de reinjeção de gás nos reservatórios, o que ocorre principalmente na região do Pré-Sal, onde o volume reinjetado já ultrapassa 60 milhões de m3/dia.
Uma das principais conclusões do estudo é que, a despeito do que vem sendo colocado na mídia, o Brasil tem gás, podendo triplicar a oferta de gás nacional ao mercado até o final da década. Para isso, o estudo levantou qual seria a estimativa do volume total de gás reinjetado atualmente nos campos do Pré-Sal, que poderia ser escoado através da revisão das decisões sobre a reinjeção e se não houvesse restrições de infraestrutura.
A conclusão é que quase a metade do volume reinjetado atualmente, ou cerca de 30 milhões de m3/dia, poderia vir para o mercado se houvesse capacidade de escoamento. Isso significa que, havendo condições logísticas, o Pré-Sal poderia de imediato duplicar o volume total hoje disponibilizado.
Parte desse volume está previsto para ser escoado pelo Projeto Rota 3 (rota de escoamento e unidade de tratamento em Itaboraí/RJ), que está atrasado há mais de 7 anos, de acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), e previsto para entrar em operação ao final de 2024. Além disso, é importante a readequação da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) de Caraguatatuba e da Rota 1 que conectará esta UPGN ao Pré-Sal.
Presenças
Com mais de 60 participantes, o encontro contou a presença de diretores e presidentes de grandes empresas dos setores químico, fertilizantes, indústria de base, indústria de equipamentos, engenharia industrial, além dos representantes da Coalização e jornalistas especializados do setor. Destaque para a participação de Hugo Leal Melo da Silva, Secretário de Estado de Energia e Economia do Mar, SEENEMAR.
CCGNMP
A Coalizão pela Competitividade do Gás Natural como Matéria-Prima é liderada pela ABEMI – Associação Brasileira de Engenharia Industrial, com a Coordenação Técnica da ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química, e tem a participação das entidades: ABDIB – Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base; ABEGÁS – Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado; ABIMAQ/SINDMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos; ABIPLAST – Associação Brasileira da Indústria do Plástico; CNT – Confederação Nacional do Transporte; FIEB – Federação das Indústrias do Estado da Bahia; FIEMG – Federação das Indústrias de Minas Gerais; FIRJAN – Federação das Indústrias do Rio de Janeiro; TGBC – Transportadora de Gás Brasil Central; ONIP – Organização Nacional da Indústria do Petróleo; SEDE – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais; SEENEMAR – Secretaria de Estado de Energia e Economia do Mar do Estado do Rio de Janeiro; e SEDETEC – Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico de Sergipe.
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