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Economistas apontam uma série de medidas que podem impulsionar o crescimento econômico

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A partir do próximo ano, quando se inicia o novo governo, a economia brasileira tem como principais desafios uma retomada mais consistente do crescimento econômico, dos investimentos e da geração do emprego e renda. Para isso, é necessária a combinação de um conjunto de medidas adequadas nas áreas fiscal, monetária e cambial.

A análise é de Antonio Corrêa de Lacerda, professor-doutor do Programa de Estudos Pós-Graduados em Economia Política da PUC-SP, e de André Paiva Ramos, professor de Economia da Universidade Federal de Alfenas (MG). Ambos atuam na ACLacerda Consultores.

Na visão dos economistas, após a crise de 2015 e 2016, a economia brasileira vem apresentando um baixo ritmo de recuperação, o que tem gerado baixa demanda no mercado consumidor, elevada ociosidade no setor produtivo e deterioração no mercado de trabalho. “Como consequência, não só a arrecadação fiscal foi fortemente afetada, gerando uma piora nas contas públicas e no nível de endividamento do país, mas também o contexto social foi agravado sobremaneira”, afirma Lacerda.

Já no cenário internacional, há uma mudança em curso, com elevação das taxas básicas de juros dos Estados Unidos e o aumento das medidas protecionistas, o que pode impactar negativamente as contas externas do Brasil. “No entanto, vale destacar que a situação das contas externas brasileiras está confortável, sobretudo devido a uma melhora, nos últimos anos, da balança comercial e ao montante de reservas internacionais que o país possui, em torno de US$ 380 bilhões”, avalia André.

Estratégia para crescer

Depois de considerar que intensificar a austeridade não resolverá os problemas do país, os economistas ressaltam que, em termos fiscais, é imprescindível uma retomada do investimento público, principalmente em infraestrutura econômica (como ferrovias, rodovias e telecomunicações) e infraestrutura social (saneamento, habitação, equipamentos de saúde e educação e mobilidade urbana). “Há uma grande quantidade de obras e projetos que estão parados e poderiam ser rapidamente retomados”, observa Lacerda.

Eles consideram, porém, que é necessário rever a restrição imposta pela Emenda Constitucional 95, que tende, cada vez mais, a reduzir o investimento público, como já vem ocorrendo. Lembram, ainda, que é preciso fazer uma revisão dos subsídios fiscais e, no âmbito de uma profunda reforma tributária, simplificar os impostos. “Além de maior justiça social, essas medidas levariam a um sistema mais dinâmico, transparente e eficiente, reduzindo o chamado Custo Brasil”, afirma André.

Ainda como parte da estratégia para o crescimento, os economistas recomendam, na política monetária, evitar uma elevação da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 6,5% ao ano, tanto para não afetar a retomada da economia quanto para não agravar a situação das contas públicas. Outro desafio é enfrentar o elevado custo do crédito às pessoas físicas e jurídicas. Para isso, consideram essencial a atuação dos bancos públicos, com seu enfoque de crédito a longo prazo em condições competitivas, além de medidas para fomentar maior competição no mercado bancário.

Já na política cambial, destacam que é preciso evitar que o real sofra uma revalorização e seja utilizado como instrumento de combate à inflação, prejudicando o setor produtivo. “Além desse conjunto de medidas, é imprescindível um contexto de maior estabilidade política e institucional para garantir maior segurança às empresas e, assim, atrair investimentos estrangeiros e fomentar decisões de investimento por parte da empresas nacionais”, diz Lacerda.

Empresários atentos

Enquanto aguardam as medidas a serem adotadas pelo próximo governo – “algumas delas são verdadeiros balões de ensaio”, diz Lacerda –, os empresários devem se manter atentos, mapeando os potenciais riscos e oportunidades para elaborar um planejamento estratégico mais adequado ao novo contexto nacional e internacional.

Os economistas recomendam ainda que os empresários intensifiquem os contatos com o novo governo, especialmente com a equipe econômica. “É preciso influenciar as decisões, especialmente aquelas referentes às medidas envolvendo o financiamento, a abertura comercial e as privatizações, de forma a favorecerem a atividade econômica doméstica”, conclui Lacerda.

Editora Conteúdo/Abgail Cardoso

 

 

 

 

 

 

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