A partir deste mês, a Newsletter ABEMI trará uma série de reportagens sobre oportunidades para o setor de engenharia em diversos estados brasileiros. Começamos pelo Rio Grande do Sul, um dos estados que passam por grave e longa crise financeira. Ainda assim, tem uma agenda de desenvolvimento econômico e foco em investimentos em infraestrutura, que devem abrir novas oportunidades para o setor de engenharia industrial.
Segundo o secretário-adjunto e diretor-geral de Logística e Transportes, Eduardo Battaglia Krause, negociar a dívida com o governo federal é apenas uma das estratégias no sentido da recuperação e crescimento econômico. “Estamos apostando em parcerias público-privadas e concessões de serviços como estratégias para voltar a atrair investimentos, especialmente para melhorar a infraestrutura de rodovias a fim facilitar o escoamento da produção. Precisamos descongestionar e oferecer maior segurança”, afirma.
Estado com 496 municípios e economia focada em agronegócio, indústria naval e indústria metalmecânica, o Rio Grande do Sul tem uma boa infraestrutura de transportes, com o Porto de Rio Grande, linha férrea e hidrovia.
Gargalos para o desenvolvimento
Segundo Eduardo Krause, os principais gargalos estão nas rodovias, que é por onde transita a maior parte da produção do estado. Elas precisam ser duplicadas para maior eficiência e segurança. No total, a malha do estado soma 156 mil km de rodovias – 139 mil km são estradas municipais, 11,3 mil km estaduais e 5,9 mil km federais.
O programa RS Parcerias, lançado no dia 25 de março, inclui as concessões da RS-287, RS 324 e da rodoviária de Porto Alegre, por 30 anos, com previsão de R$ 3,4 bilhões de investimentos. A publicação dos editais deve ocorrer após as consultas online e pública e análise dos órgãos reguladores, provavelmente no início do segundo semestre.
Com pouco mais de 200 km, o trecho da RS-287 a ser concedido estende-se de Tabaí, no Vale do Taquari, a Santa Maria, na Região Central. Na RS-324, serão mais 115 km entre Passo Fundo, no Norte, e Nova Prata, na Serra.
“São obras importantes para maior eficiência logística e para movimentar a economia do estado. Dos 10 milhões de toneladas de grãos produzidos no Rio Grande do Sul, de 65% a 70% são transportadas por rodovias”, afirma o secretário-adjunto, lembrando ainda que o governo federal também retomou as obras na BR-386, entre Porto Alegre e Rio Grande, e na BR-401, que liga a região central e Rio Grande.
Atração de investidores
O Parcerias RS inclui também a concessão, por 30 anos, do parque zoológico de Sapucaia do Sul, na região metropolitana, com publicação de edital em março e investimentos previstos de R$ 59 milhões. Sessenta por cento das obras de modernização devem ser concluídas em três anos.
“Nós somos facilitadores, queremos criar atratividade para o estado e fomentar a atividade econômica. Criamos uma secretaria de governança para fazer a gestão de projetos de concessão. Deveremos ter uns dois anos ainda difíceis à frente, mas sou otimista. Vamos conseguir superar as dificuldades”, afirma Eduardo Krause.
O secretário-adjunto destaca que outro foco da gestão estadual é incentivar o aumento do valor agregado da produção gaúcha. “Somos muito exportadores, e isso não ajuda muito, principalmente num momento em que a economia mundial está em baixa. Estamos buscando formas de transformar localmente em produtos de maior valor agregado parte das 10 milhões de toneladas de grãos exportados.”
Editora Conteúdo/Abgail Cardoso